As Aventuras de Rosbife

 Por: Wagner Lala




Capítulo 1 – O Rei do Bairro


Rosbife era mais que um cachorro. Era quase uma lenda na vizinhança. De porte médio, marrom caramelo, sua cor lembrava mesmo um rosbife saindo do forno — daí o nome que Wagner e Vado escolheram pra ele. Viviam todos lado a lado da venda da família, e Rosbife era o verdadeiro anfitrião do pedaço. Todo dia ele saía pela manhã, logo depois de Wagner levantar a porta da venda. Ia pra rua de baixo, passava pela casa da Dona Zuleica, dava uma conferida nos pombos da praça e voltava só na hora do almoço.


Naquele dia, porém, Rosbife parecia inquieto. Farejava o chão, olhava pros lados com o focinho levantado, como se algo estivesse diferente.


Capítulo 2 – O Cheiro Misterioso


Rosbife seguiu aquele cheiro estranho que vinha do beco atrás da padaria. Era um cheiro conhecido, mas fora de lugar. Quando chegou perto, viu pegadas felinas e um som baixinho, quase um miado. Era o Mimoso, o gato do seu João, escondido entre caixas velhas. Estava assustado e tremendo. Rosbife se aproximou devagar, sem latir, e ficou ali, firme, até alguém aparecer.


Wagner, estranhando a demora do cachorro, foi atrás dele. Encontrou Rosbife protegendo o gato, e os dois voltaram como heróis. Seu João agradeceu com um pedaço de mortadela, e Rosbife comeu com gosto. Mas no fundo, ele sabia que algo maior estava por vir.


Capítulo 3 – A Noite do Gambá


Naquela noite, enquanto todos dormiam, Rosbife não sossegava. Sentia que o tal cheiro ainda rondava o bairro. De repente, ouviu um barulho nos fundos da venda. Correu pra lá e deu de cara com um gambá fuçando as caixas. Rosbife latiu com força, mas sem avançar, apenas tentando afastar o intruso. O gambá, assustado, saiu correndo pela cerca e sumiu no mato.


Wagner e Vado acordaram com a confusão e foram ver o que era. Encontraram Rosbife em posição de guarda, e entenderam na hora: o danado tinha salvado a venda. Ganharam dele mais ainda o respeito e um novo título — “Segurança Chefe da Vila”.


Capítulo 4 – A Fuga Apaixonada


Depois da aventura noturna, Rosbife ficou mais quieto. Mas bastou aparecer uma cadelinha nova no bairro, que tudo mudou. Ele sumiu numa tarde inteira. Wagner e Vado ficaram preocupados. Procuraram pelas ruas, chamaram os vizinhos, mas nada. Já era noite quando Seu Chico, o mecânico, apareceu com Rosbife na garupa da bicicleta, de língua de fora e com um ar de quem aprontou.


Tinha seguido a nova moradora até o outro lado do bairro. "Tava de romance", disse Seu Chico, rindo. Rosbife levou bronca, mas logo depois ganhou colo, banho e jantar reforçado.


Capítulo 5 – O Dia Dele


Depois de tantas aventuras, Wagner e Vado decidiram fazer algo especial. Organizaram um aniversário surpresa. Fizeram um "bolo" de ração com petiscos, penduraram bexigas na porta da venda, e convidaram os vizinhos — e os cachorros também. Quando Rosbife chegou, viu todo mundo reunido, rindo, batendo palmas. Parecia confuso, até que Vado gritou: "Hoje é o seu dia, Rosbife!"


Foi a maior festa da rua. Rosbife correu, pulou, comeu, e no fim do dia, deitou em frente à venda, com aquele olhar feliz e sereno de quem sabe que é amado. Wagner se agachou ao lado dele e disse baixinho:


— Você não é só nosso cachorro. Você é nosso amigo, nosso guardião... nosso irmão.


E Rosbife, sem dizer uma palavra, apenas fechou os olhos e dormiu. O rei do bairro, em paz com sua coroa.

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