Rosbife e a Caça ao Pedaço de Picanha Perdido

 Por: Wagner Lala

Era quase meio-dia quando Vado assou uma bela picanha nos fundos da venda. O cheiro invadiu o bairro inteiro, e Rosbife, que estava deitado na calçada tomando sol, levantou a cabeça com o faro em alerta.

— Hoje o almoço vai ser especial! — pensou ele, abanando o rabo.

Vado tirou a carne da grelha, colocou em um prato em cima da mesa… e foi buscar o arroz. Foi aí que tudo aconteceu. Em questão de segundos, um vulto peludo subiu na cadeira, pegou um pedaço generoso de picanha e saiu correndo pelos fundos da venda.

Rosbife ouviu o barulho e foi atrás.

— Ladrão de picanha?! Isso não vai ficar assim!

Com o faro afiado, Rosbife seguiu o cheiro pela calçada, depois por um beco e até um terreno baldio. No caminho, encontrou Azulão, o passarinho fofoqueiro do bairro, empoleirado num fio.

— Foi um cachorrinho listrado! Ele correu pra lá! — disse Azulão, apontando com a cabeça.

Rosbife correu até a entrada de uma casinha de madeira, onde encontrou o "ladrão": um filhotinho magro, com as costelas à mostra, lambendo o restinho da picanha. Ao ver Rosbife, arregalou os olhos.

— Desculpa… eu só tava com muita fome. Achei que ninguém ia notar…

Rosbife se aproximou, não com raiva, mas com compaixão. O filhote tremia.

— Qual é seu nome? — perguntou Rosbife.

— Nino… eu moro aqui sozinho.

Rosbife voltou correndo pra casa, pegou um pedaço de carne que Vado tinha separado pra ele, e voltou até Nino.

— Aqui, irmão. Divide comigo. Mas da próxima vez, é só pedir.

Desde aquele dia, Rosbife passou a visitar Nino todos os dias — e com o tempo, conseguiu convencer Vado a adotá-lo. Agora, o filhote listrado tem casa, comida e, o mais importante… um amigo fiel.

Mensagem final:

Às vezes, quem parece um ladrão está apenas com fome e medo. Um gesto de bondade pode mudar tudo.

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